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domingo, 19 de agosto de 2012

Desintegrar-se

Por que entregar-se
Sem que exista realmente a entrega
Dos dois lados do fio.
Por que dá-se a entrega
Não há entrega
Ainda existe entrega?
Não entregamos-nos a si mesmos
Qui sá ao outro
...
Existimos parcialmente cada instante
Cada ser que há em nós
Existe e mata o outro dentro de si
Assim, não vive aqui nem lá
Nem o nós, nem o eu

Quem viveu completamente o seu eu
Quem doou inteiramente a si mesmo
Quem descobriu todas as sua faces
Rasgou todas as suas camadas da pele
Deixando o sangue escorrer em seus olhos e joelhos
Sem que tapasse com um dedo o abismo do seu desespero
Quem?
Mergulhou fundo para torna-se raso
Entregou-se a si mesmo.

Não é entrega, mas simular-se
Atuar conforme o enredo
Quem é real, o que foi real.
O que se expõem se esconde
O que se esconde, esse, se expõem
Mas se expõem a quem
Ao que

É preciso desintegrar-se, para então
Entregar-se ao outro
E integrar totalmente a existência de si.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

O Que Há No Amor

Há algo no amor que não se pode explicar
É entrega é dor, é um querer que não se quer
É uma total desventura estar à amar
Se escolhesse não amava
Se pudesse não entregava o melhor de mim
Não suplicava, não chorava
Como explicar o que há no amor?
Odeia-se e ama-se
Tudo ao mesmo tempo
Se quer fugir, mas os pés não se movem
Se quer gritar, mas as palavras de fúria
São seguidas de beijos e abraços.
E a lágrima que escorre
Não se sabe ao certo
Se é de ódio de amar
Ou
De amar o que lhe dá ódio.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Corpos

Fecho os olhos
os teus olhos nos meus
o sinuar de uma sombra
assombra 
o quarto, a luz
não há luz
só as mãos, as pernas, os corpos.


Um beijo
e o ar que não há
contrai o tórax.


Pele nas unhas, nos dedos
Então, a boca, a carne
que encarna o mel
transbordando céu


E os olhos que buscam aí
o que já está aqui
em êxtase , em transe
Inconsciente,


Para que as mãos 
puxem tudo o que transcende em mim


Minha alma, minha vida, meu amor


A imobilidade que guia ao teto
e recresça de joelhos 


Domada.


E num momento
para tormento
a imagem se desfaz
o devaneio se vai
e é só lembrança
é só saudade.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Olhos de Aquarela


Teus olhos em aquarela
Brilham por entre a tela
E o azul do céu que vibra à fora
Em vidro a nossa estória

Meus olhos em aquarela
A vida que prende-se a ela
Tua luz, tua cor
A todos o brilho de uma pincelada

Façanhas vividas
Em aquarela
Agora, Lua erradia a glória

Eu e teus olhos em aquarela
Teu brilho por entre a tela.

Lamúria de Ícaro


Não me perco mais nas horas
Sinto cada uma delas
Não me perco mais nas horas
As acho em qualquer canto
No verde manto
E o céu azul que me revela seus prantos

Ora, não somos tão diferentes assim.
E eu que já não me perco nas horas,
Que como tu escondo-me em minhas nuvens

E dentro delas meus trovões e raios
Disputam suas razões
Para o fim de minhas emoções
Caio-me a prantear sem convicções

E essa é apenas uma, de tantas situações
Que razões tens tu para lamuriar?

Por mais que perca-se em tempestades
Teu Sol nasce sem cessar
tuas estrelas sem ti não podem brilhar

E eu, que aqui assemelho-me ao verde manto
Sozinho,
Calado, devastado sem revidar

Tu ao menos não sentes as horas passar.

Minha estrela brilha só, longe, não depende de mim
Meus dias se fazem noite
E eu sinto cada uma das horas.

Se ao menos minhas ventanias a trouxessem para mim!
Quem dera que a cada raio o rosto dela
Transfigurasse-se nos clarões...

Queria eu, não sentir as horas,
Queria eu, paralisá-las
Não posso mais suporta-las.

Pois não me perco mais nas horas,
Sinto cada uma delas.





Lamúria de Ícaro

domingo, 10 de julho de 2011

A Vagar


Meu pensamento perde-se a todo estante.
Insiste em achar ao teu!
Insiste em perder-se
A vagar.

Suplicas que ecoam
Em cada parede, canto, cômodo
Incômodo fatal
Um socorro mental
Sem ajuda, sem resposta

Só restam as opostas
Das apostas
Nada mais

Nada é o que foi
E o que é.
E o que será?

E então, voltaremos a nos importar?

A vagar, a perder-se
A todo instante?

Ecoar suplicas, cômodo, canto, parede
Sem resposta, sem ajuda?

Aposto a certeza
Da incerteza

De um pensamento
Que perde-se a todo instante
a achar ao teu

Perde-se...
... A vagar.